O pecado e suas consequencias.
“E disse ela: Os filisteus
vêm sobre ti, Sansão. E despertou ele do seu sono, e disse: Sairei ainda
esta vez como dantes, e me sacudirei. Porque ele não sabia que já o
SENHOR se tinha retirado dele”. Jz 16.10
Trataremos nessa mensagem de hoje sobre
um dos temas mais terríveis da cristandade, porém pouco mencionado nos
púlpitos atuais: o efeito do pecado, isto é, suas consequências.
Primeiramente, relembremos rapidamente o
que é pecado – já que muitos cristãos hoje em dia parecem não saber o
que é. Pecado é transgressão à Lei de Deus, é iniquidade, é
desobediência a Deus e seus preceitos, é sair dos Seus retos caminhos e
se rebelar contra Ele, quebrando sua Lei, ou seja, coisa muito comum nos
dias atuais por parte dos ímpios e também para boa parte dos cristãos.
Mas não trataremos hoje propriamente do pecado e sim das suas trágicas
consequências. É muito importante abordar o poder letal, degradável e
destruidor que tem o pecado, pois isso nos traz reflexões, consciência
do perigo que corremos e, consequentemente, temor e arrependimento.
Quero usar nesse tema o personagem
descrito no versículo acima, tirado do livro de Juízes: Sansão. Sansão
foi chamado para ser juiz de Israel e durante vinte anos julgou Israel,
sendo o responsável por guardar os israelitas e libertá-los da opressão
dos filisteus. Sansão, desde sua infância possuía um voto com Deus, era
nazireu de Deus (veja Nm 6.1-21), não podia ser dado ao vinho, nem à
prostituição e nem navalha poderia passar sobre sua cabeça, resumindo,
Sansão era separado para o ministério: como juiz, deveria andar debaixo
de um conjunto de normas e regras, tendo uma conduta exemplar diante de
Israel e permanecendo obediente às leis de Deus.
Infelizmente Sansão andou de forma
contrária a todas as regras estabelecidas por Deus, quebrando todos os
princípios. Violando de tal maneira a Lei de Deus, Sansão pecou
desenfreadamente e o livro de Juízes, do capítulo 13 ao 16 descreve
claramente seus inúmeros delitos: Sansão dormiu com uma prostituta,
tocou no corpo de um animal morto, casou-se com uma filisteia, mentiu
várias vezes e, por último, em seu relacionamento com Dalila – mulher do
vale de Soreque – revelou seu segredo tendo os cabelos cortados,
quebrando totalmente seu voto de nazireado.
…chamado para ser juiz de Israel… andou de forma contrária a todas as regras estabelecidas por Deus
Sansão era conhecido por sua grande
força física: quando o Espirito de Deus vinha sobre ele, ele se tornava o
homem mais forte da Terra: imbatível, indestrutível, intocável, pois a
graça, a misericórdia e o poder de Deus estavam sobre Sansão. Contudo,
houve um fator que destruiu Sansão, que o arruinou para o resto de sua
vida, esse fator, esse item, foi o pecado. Gostaria agora de
mostrar o efeito do pecado na vida de Sansão, pois Paulo em sua epístola
aos Gálatas escreve: “tudo que o homem semear isso ceifará” (Gl 6.7). Sansão semeou pecado e veremos agora quais consequências ele colheu.
Primeira consequência: A misericórdia de Deus é retirada.
“E sucedeu que, importunando-o ela
todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua alma se
angustiou até a morte. E descobriu-lhe todo o seu coração, e disse-lhe:
Nunca passou navalha pela minha cabeça, porque sou nazireu de Deus desde
o ventre de minha mãe; se viesse a ser rapado, ir-se-ia de mim a minha
força, e me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem”. Jz
16.16-17
Se você notar, mesmo Sansão vivendo em
pecado, Deus sempre o livrava das mãos dos filisteus, como notamos em
(Jz 16.9). Isso sucedeu várias vezes, porém, nos versículos 16 e 17 do
mesmo capítulo vemos que a misericórdia de Deus é retirada! Dalila o
molesta de tal maneira, intentando descobrir o segredo da sua força, que
Sansão revela a ela, dizendo: “nunca subiu navalha na minha cabeça”.
Deus permitiu que sua fraqueza fosse exposta, seu ponto fraco uma grande
brecha para sua queda.
Meu querido irmão, essa é a primeira
consequência daqueles que estão vivendo uma vida de pecado, daqueles que
estão brincado com pecados ocultos e dizem: “Deus ainda me honra, tenho
respostas de orações, recebo alguma promoção aqui e outra ali, algumas
bênçãos vem sobre mim e sobre minha família, continuo subindo no altar e
cantando bem ou estou diante de um púlpito pregando com eloquência,
recebendo elogios e até vendo frutos.
Isso ocorre pelo que está escrito em
Lamentações 3.22: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos
consumidos”. Mas, invariavelmente, uma hora a misericórdia será retirada
como ocorreu com Sansão! Aí sua vergonha será exposta, seus delitos
contra Deus não ficarão impunes, cedo ou tarde isso será revelado e você
poderá ser humilhado e exposto como o foi o rei Davi, quando pecou com
Bate-Seba. Talvez você diga: “a misericórdia de Deus é muito
grande”. Sim ela é. Ele é tardio em se irar (Na 1.3), mas preste muita
atenção ao que o versículo diz: “Ele é tardio”, isso não significa que
Ele nunca vai se irar! Veja o que diz em Jeremias 16.13: “porque
não usarei de misericórdia convosco”. Para você que está vivendo uma
vida de pecados ocultos, a qualquer hora a misericórdia poderá ser
retirada e você estará totalmente entregue às mãos do inimigo!
Segunda consequência: A perda de sua força.
“(…) e retirou-se dele a sua força”. Jz 16.19
Como eu havia dito antes, Sansão era
conhecido por sua estrondosa força física, mas pelos seus pecados sua
força se foi, Sansão ficou fraco, sem qualquer possibilidade de vencer
uma luta ou guerra; Sansão estava inofensivo diante do seu inimigo: os
filisteus. Agora ele tinha se tornado um homem comum: não detinha mais o
poder sobrenatural que lhe confiava grande força.
Eis a segunda consequência do pecado:
perdemos a força, ficamos fracos, não temos força para orar, não temos
força para estudar a Palavra, não temos força para uma vida cristã
saudável e, principalmente, não temos força para enfrentar o nosso
inimigo: Satanás e seus exércitos. Com uma vida em pecado, não temos a
menor chance contra ele! A força espiritual que nos revestia e as qualidades espirituais se foram devido ao pecado.
Um dia já tivemos força, ânimo, poder, autoridade; lembra-se quando
você não tinha medo de ninguém e tinha disposição para fazer qualquer
coisa que dissesse respeito a Cristo e sua obra? Agora você se
pergunta por que está tão fraco, desanimado, incrédulo, com anemia
espiritual; às vezes você pensa que é culpa de alguém, que é o diabo que
está causando essa fraqueza; às vezes atribui que é a vontade de Deus,
que é um tempo ou uma fase em sua vida e nunca que se trata do efeito do
pecado de uma vida cheia de brechas e engano!
Talvez possa ser isso que está tirando
sua força, meu querido irmão! Não é esse nem aquele fator: é
consequência do pecado! O pecado enfraquece, corrói, destrói e mina as
forças de qualquer cristão conhecedor das Escrituras, mas que a
transgride voluntariamente. Se você está assim: não tem força para mais
nada na sua vida, mesmo sendo cristão, examine sua vida à luz da Bíblia e
veja quais brechas você tem dado e em quais pecados você está
envolvido.
Terceira consequência: Ausência da presença de Deus. (cap. 16.20)
“(…) Porque ele não sabia que já o SENHOR se tinha retirado dele”. Jz 16.20
É um grande erro pensarmos que Deus, por
causa de Seu amor, é conivente com nossas ações pecaminosas, pois Ele
não tolera o pecado e também não tolera o pecador (Na 1.3) e também Deus
não tem comunhão nem caminha com ímpios (Sl 1, 2Co 6.14-16). O
Espírito de Deus, a presença de Deus se retirou de Sansão, essa é a mais
trágica consequência que o pecado traz sobre nós: a ausência de Deus.
Davi sentiu exatamente isso quando
cometeu seus gravíssimos pecados e ele sabia o perigo que corria de
ocorrer o mesmo em sua vida, quando escreveu o Salmo 51.11: “Não me
lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.”
Davi sabia que uma vida de pecado, que delitos graves, conscientes,
praticados contra Deus e Sua Palavra, poderiam leva-lo a ausência de
Deus.
Essa é a terceira consequência: perder
Sua presença. O que somos nós sem o Espírito de Deus, sem a Sua presença
para nos guiar, nos regenerar, nos policiar, nos advertir? Ela é o
fluxo de vida da Igreja, o fluxo de vida do cristão. Sem a presença de
Deus estamos mortos, entregues a sorte, ao mundo, e aos desejos da
carne. Como cegos em um mundo sem luz, completamente perdidos e sem
direção: eis o que ocorre com aqueles que estão vivendo uma vida de
pecado. Então te pergunto: quantos cristãos dentro da Igreja não
estão em pecado? Quantos ministérios de louvor e da Palavra não estão em
pecado? Quantas igrejas inteiras não têm seus alicerces fundamentados
no pecado? Mas ainda prevalecem, ainda funcionam normalmente,
entretanto, sem saber que sutilmente a presença de Deus já os deixou faz
muito tempo.
Notem o que o versículo diz: “Nao sabia
Sansão”. Ele nem percebeu, tinha se tornado insensível, carnal, não
diferenciava mais o santo do profano, assim é a vida de muitos cristãos.
Estão regendo suas vidas e ministérios na emoção, na carne, no
intelecto. Só que tem outra questão importantíssima, que eu não
poderia deixar de abordar: se há ausencia de um espírito, há a presença
de outro! Não ficamos sozinhos, vazios. Se o Espírito de Deus sai, o
espírito do mal entra, assim Satanás e seus demônios passam a dominar
aquela pessoa.
Veja o exemplo do rei Saul: “E o
Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau
da parte do SENHOR.” (1Sm 16.14). Essa consequência é inevitável. Agora
eu te pergunto: será que você que está escondendo todos esses pecados,
transgredindo a Lei de Deus diariamente não está tendo a sua vida e o
seu ministério regidos por Satanás? Meu Deus do céu, que condição
execrável se encontra tal homem, tal mulher, tal denominação, que estão
edificando Sião com sangue e Jerusalem com iniquidade! (Mq 3.10)
Quarta consequência: Cegueira.
“(…) Então os filisteus pegaram nele, e arrancaram-lhe os olhos”. Jz 16.21
Os filisteus vêm, vazam os olhos de
Sansão e os arrancam, deixando-o totalmente cego. Essa é a quarta
consequência: cegueira. Uma pessoa que vive na prática do pecado não tem
mais discernimento espiritual, não sabe mais por qual caminho anda, não
sabe quando houver decisões a tomar quais serão as corretas, fecham
negócios errados, “batem cabeça” de um lado para o outro, tem atitudes
incoerentes, pensa estar fazendo o bem, quando na verdade está fazendo o
mal!
Veja o que diz Provérbios 14.12: “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”. Será
que você não está assim: caminhando por veredas que aos seus olhos são
saudáveis, no emprego, no relacionamento, no que diz respeito à Igreja,
mas na verdade está em completa cegueira, cavando covas nas quais você
mesmo cairá? Será que você não está magoando pessoas, ferindo sua
família, oferecendo fogo estranho no altar do Senhor e achando que tudo
isso é correto, que tudo isso é benefíco e que Deus ainda está te
aprovando?
Sinto te dizer: se você estiver vivendo
uma vida de pecado, é exatamente assim que a sua vida se encontra! Você
não pode dar crédito a si mesmo! Como se fiar em um cristão conhecedor
da Lei que ao mesmo tempo é transgressor da mesma?! Tal pessoa, tal
crente, não é digno de confiança, nem é digno de em si próprio confiar,
pois a quarta consequência de uma vida de pecado é a cegueira.
Quinta consequência: Ficar amarrado.
“(…) e amarraram-no com duas cadeias de bronze (…).” Jz 16.21
Depois de cegar a Sansão, os filisteus o
tomaram e amarraram com duas cadeias de bronze, anulando assim qualquer
movimento extenso de Sansão. Essa é a quinta consequência: uma vida
amarrada, limitada, atrofiada.
Será que sua vida não está assim? Todas
as áreas emperradas: casamento em crise, filhos rebeldes, dívidas por
todos os lados, doenças, nada anda bem, você se sente totalmente
amarrado, portas fechadas, o “não” passou a ser seu companheiro. Você
atribui isso ao governo, à economia, põe e culpa no diabo, nos
familiares, xinga, murmura, blasfema e esquece de pensar: talvez tudo
isso é efeito dos meus pecados, de uma vida cristã relaxada, desregrada?
Note uma coisa: uma pessoa amarrada
não está totalmente impossibilitada de fazer as coisas. Tal pessoa
possui ainda alguns movimentos: ela pode andar, mexer as mãos, a boca,
os olhos, porém, as cadeias de bronze são pesadas, ela está atada, ela
tem seus movimentos limitados! Dessa forma é a vida de uma pessoa
amarrada: ela não deixa de fazer nada, entretanto, todas as suas ações e
áreas da sua vida são limitadas. Não conseque concluir nada que inicia,
nem ter progresso e sucesso nos seus projetos, pois está amarrada.
Outro detalhe importante: as cadeias são
de bronze, são impossíveis de ser quebradas pela força humana,
necessitam de uma força sobrenatural para serem quebradas, mas como o
pecado retirou essa força – a presença de Deus – essa pessoa jamais
conseguirá se libertar. Isso implica que, por seus pecados, essa pessoa
está condenada a uma vida cristã sofrível, arruinada e infeliz.
Sexta consequência: Escravidão.
“(…) e girava ele um moinho no cárcere”. Jz 16.21
Depois de ser acorrentado, Sansão foi
colocado em uma prisão, numa masmorra, foi condenado a ficar ali
trabalhando num moinho. Essa é a sexta consequência: o pecado nos faz
escravos, pois Pedro diz: “(…) Porque de quem alguém é vencido, do tal
faz-se também servo”. (2Pe 2.19).
Sansão foi vencido pelo pecado, se
tornou escravo dele, sujeitando-se aos seus moldes, ao seu domínio e ao
seu poder destruidor. Também se tornou escravo de outro inimigo, porque
estava no cárcere dos filisteus, era então prisioneiro dos filisteus,
escravo deles, estava sujeito às suas ordens e vontades. Dessa
maneira ocorre na vida daqueles que vivem em pecado: se tornam escravos
do nosso inimigo, o diabo. E querendo ou não, sabendo ou não, estão
sujeitados a sua vontade! Você já parou para pensar que consequência
trágica ser escravo do diabo, depois de ter a liberdade em Cristo,
depois de ter acesso ao sangue da nova e eterna aliança que veio do
Calvário, depois de gozar da redenção e da verdade que liberta (Jo 8.32)
se tornar de novo escravo de Satanás, voltar para suas garras
maléficas, como isso pode ser possível? A resposta você sabe: pecado.
O diabo é legalista, atua usando
princípios da Lei de Deus, quando a quebramos, por mais que Deus seja
misericordioso e perdoador, a quebra contínua e voluntária dará
autoridade para Satanás nos tocar e nos dominar. Essa então foi a sexta
consequência do pecado ilustrada na vida de Sansão.
Como, então, evitar todas essas consequências?
Você que está lendo deve pensar: “que
mensagem dura, que pavor veio ao meu coração ao ler isso, pois me
identifico com muitas coisas que estão aqui escritas, o que devo fazer
então”?
Se você foi confrontado pela Palavra
de Deus, como todo homem deve ser, se ela trouxe luz e revelação
daquilo que você está fazendo e pela Palavra você viu que é pecado e que
todas essas consequências estão ocorrendo em sua vida, só há uma
maneira de anular o efeito do pecado; é o arrependimento. Veja o
que diz Provérbios 28.13: “O que encobre as suas transgressões nunca
prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”.
Confessar nossos pecados, arrepender-nos dos mesmos, pedir a
misericórdia do Senhor, foi isso que Sansão fez – completamente
desnorteado e destruído pela força descomunal do pecado ainda houve
solução para Sansão – em Juízes 16.28 ele clamou ao Senhor dizendo:
“Senhor Jeová, peço que te lembre de mim, esforça-me agora, só essa
vez”!
Sansão com essa frase – e com o tempo
sofrido de cárcere – mostra arrependimento. A força de Sansão volta
novamente, então ele abraça as duas colunas do templo dos filisteus e as
derruba, matando todos os filisteus daquele lugar. Quer dizer que você
sabe que Sansão se arrependeu e foi perdoado? Sim, pois ele é citado em
Hebreus 11.32 na galeria dos heróis da fé!
Esse é o caminho meu caro leitor: deixe
sua vida de pecados, antes que seja tarde demais, antes que não haja
mais remédio, antes que você seja exposto e envergonhado e colha
consequências irreversíveis a você e a sua família, pois o salário do
pecado é a morte (Rm 6.23).
Você pode estar correndo o risco de ser
fulminado pelo pecado aqui nesta terra e ainda padecer a eternidade no
inferno! Não estou dizendo de um deslize, de uma fraqueza momentânea que
todos nós estamos sujeitos, estou dizendo de uma vida na lama do
pecado, estou dizendo de pecados maquinados, premeditados.
Lembre-se do que diz a 1João 1.9: “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. Para aqueles que
confessam e se arrependem há perdão de Deus, há sangue suficiente para
te purificar, há graça abundante sendo derramada sobre você, da mesma
forma que foi com o filho pródigo, que arrependido voltou ao lar e foi
completamente restaurado e perdoado (Lc 15.11-32). Como Paulo escreveu
para aqueles que estão em Cristo, que são nascidos de novo: “Porque o
pecado não terá domínio sobre vós”. (Rm 6.14).
Pr Paulo Junior - Defesa do Evangelho.
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