terça-feira, 8 de novembro de 2022

O efeito petrificador do pecado por William Barclay

 O horrível do pecado é seu efeito petrificador.

O processo do pecado pode-se discernir muito bem. Ninguém faz-se um grande pecador num momento. Em princípio se olha o pecado com temor e horror; quando se peca o coração é invadido por remorso e pesar.

Mas quando se continua pecando, chega um momento em que desaparece toda sensibilidade: podem-se cometer as coisas mais vergonhosas sem o mínimo reparo. A consciência chega a petrificar-se. Paulo enuncia a grande acusação de que a vida pagã petrifica de tal forma a consciência do homem que acaba com todos os sentimentos.

Mas Paulo usa além outros dois termos gregos, também terríveis, para descrever a vida no paganismo. Os pagãos se entregam a cometer com avidez toda classe de impureza. E agem desta maneira por lascívia. Aselgeia equivale a esta última expressão. Platão a define como "impudicícia"; outros autores como "disponibilidade para qualquer prazer". Segundo Basílio é uma "disposição da alma incapaz de agüentar o rigor da disciplina". Mas a grande característica da aselgeia é esta: o homem mau ordinariamente tenta ocultar seu pecado; mas aquele que tem aselgeia em sua alma não tem do choque cuidado que possa provocar na opinião pública seu desafio e insulto a toda decência. O que lhe importa é satisfazer seus desejos. Muitos têm a suficiente decência de tentar ocultar seus pecados; o homem que vive a aselgeia não se interessa por quem é espectador de sua vergonha a fim de obter seus desejos.

O pecado pode dominar um homem de tal maneira que lhe faça perder toda decência e vergonha. Chega a ser como o drogado: começa tomando a droga em segredo até chegar a um estado em que a reclama desavergonhada e abertamente gemendo e rebaixando-se. Um homem pode chegar a ser tão escravo do álcool que não lhe interesse que o vejam ébrio. Alguém pode deixar-se dominar tanto pelos desejos sexuais que não se inquieta por quem o observe. No teor de vida pagã o pecado chega a dominar tanto que se perde o sentido natural da vergonha: o homem deixa de ser um homem para rebaixar-se à condição de besta.

Texto de William Barclay

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